segunda-feira, 8 de abril de 2013

OLHÃO E A CRISE

Longe vão os tempos de prosperidade do concelho de Olhão, assente na pesca, apanha de bivalves e agricultura. Esse declínio começou exactamente com a integração europeia para a qual o Povo não foi chamado a pronunciar-se, obedecendo a critérios de uma certa elite politica concentrada no bloco central de interesses, mas também de corrupção, porque lhes dava muito jeito a distribuição dos dinheiros disponibilizados pelos camaradas, amigos, influentes e corruptores, ainda que a troco da destruição do sector produtivo do País.
A partir do fim da década de oitenta assistimos à liquidação da frota de pesca e ao abandono da agricultura, sendo o próprio estado a promover e a subsidiar, a dar dinheiro para se deixar de produzir. Estado esse, dominado pelos partidos do grande centrão que sempre têm governado o País.
As cenas obscenas praticadas pelo Poder politico nas ultimas semanas vêm pôr a nu a ambiguidade do sistema politico em que vivemos.
O Tribunal Constitucional, órgão que seria suposto, ser isente e independente, revela logo na sua composição, até que ponto vão as esparrelas do Poder politico e como são cozinhadas as nomeações daqueles que o compõem. Seis dos juízes estão conotados com as rosas espinhosas, cinco com as laranjas azedas, um diz-se independente não se sabe do quê e um outro indicado pelos azulados do hemiciclo, reflectindo exactamente o tal bloco central, mas politico. Não espanta pois, que as declarações de inconstitucionalidade se tenham ficado por escassos quatro pontos, quando uma visão mais profunda chumbaria todo o Orçamento do Estado. É o grande centrão no seu melhor!
Entretanto um Coelho assustado e com moléstia, atira-se àquele Tribunal como sendo o causador da desgraça, não assumindo os erros, seus e por sua equipa, cometidos, ignorando mesmo que foi o Presidente da Republica o responsável pela fiscalização do Orçamento e das medidas por si questionadas, 50% foram chumbadas.
Obviamente, Coelho nada diz sobre isso, porque não pode omitir o celebre refrão da direita nacional de "um governo, uma maioria, um presidente". Não tem moral para afrontar o primeiro a levantar a lebre sobre o Orçamento.
Coelho e seus pares tentaram por todos os meios condicionar o Tribunal Constitucional, usando para isso o argumento da inevitabilidade de um segundo resgate, como se a causa fossem pouco mais de mil milhões, procurando fazer dos portugueses parvos, escondendo os insucessos das suas politicas. 
Perante o chumbo do Tribunal Constitucional, o Governo prepara novas medidas e uma vez mais, e sempre, contra os menos culpados, os trabalhadores portugueses, enveredando por uma pretensa Reforma do Estado, em que por um lado salvaguarda os interesses clientelares mas por outro lança no desemprego, fome e miséria os trabalhadores da administração publica.
O Governo não mexe nas rendas excessivas pagas às PPP ou à EDP, porque os grandes interesses instalados naquelas são da área da governação. Nas PPP está presente o BES, do qual Miguel Frasquilho é um destacado quadro; na EDP está Eduardo Catroga, o tal negociador indicado por PPC. E o Povo paga! Não mexe nas chamadas Entidades Reguladoras, que não regulam nada em beneficio do Povo, mas que consomem milhões pagos pelo Povo. Diz ter extinguido as ARH mas o que fez foi integrá-la na Agência Portuguesa do Ambiente, e por lá pontificam muitos dos seus quadros. Tirou a gestão e direcção dos Polis à Parque Expo para dar a uma empresa privada. Quem será o amigalhaço!
Porque se governa contra o Povo? O sistema politico em que vivemos está à beira da implosão, não só em Portugal, mas um pouco por todo o lado. A palavra de ordem da classe dominante é a da competitividade, mas não diz, nem pode dizer, como se a consegue perante as desigualdades fiscais, energéticas e de exploração de mão de obra barata, para não dizer escrava, praticada nos países asiáticos. Uma tal competitividade representa a escravização do nosso Povo, reduzindo-lhes as condições de vida naquilo que é a componente social do Estado: Saúde, Segurança Social, Educação e Trabalho.
O Povo em geral e o de Olhão em particular têm o direito e a obrigação de se indignarem e revoltarem com o maior ataque do pós guerra aos direitos dos trabalhadores, caso contrario darão a Merkel, pela via financeira o que Hitler não conseguiu pela via das armas.
Está na hora de todos saírem à rua e dizerem bem alto Não Pagamos!
REVOLTEM-SE, PORRA!

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