terça-feira, 17 de junho de 2014

RIA FORMOSA: HIPOCRISIA E TRAIÇÃO DESTROI ECONOMIA LOCAL

Foi um dos últimos trabalhos da Comissão Parlamentar de Ambiente do mandato anterior, a redacção de Relatório sobre a Ria Formosa devido a uma petição por nós lançada. Das conclusões chegadas pelos deputados, os governos, anterior e actual limparam o "às de copas" coma matéria tão indesejável.
Já neste mandato e na sequência de uma nova petição que subscrevemos, foi elaborado um novo relatório, mais abrangente, que abordava todos os aspectos ligados à Ria Formosa, de entre os quais destacamos a poluição, o cordão dunar e a zona húmida. Foram apontados os perigos e as soluções para cada uma das situações, com recurso a intervenções de baixo custo e talvez por isso as não tivessem aceitado.
Entretanto, o IPMA, com o aval do secretario de estado do mar, resolve despromover a classificação das zonas de produção de bivalves, por falta de analises que eram sua obrigação fazer e não fez.
Perante a contestação dos produtores, as autoridades mantiveram a desclassificação mas passaram a fechar os olhos, contando com a colaboração de traidores à classe, que se ofereceram para entregarem as amostras, mas que não o fazem, disso servindo-se o IPMA para, por um lado manter a desclassificação mas também por outro, interditar a apanha de algumas espécies, como se pode ver em http://www.ipma.pt/resources.www/transf/biotoxinas/rb_bivalves_120614.pdf .
Entretanto, a Comissão Parlamentar, depois das audições ao secretario de estado do mar e do presidente do IPMA, ficou de agendar outras audições com algumas associações, num acto de autentica hipocrisia, que visa fazer cair no esquecimento, os problemas da Ria Formosa, nomeadamente no que concerne à poluição.
Neste momento, em quase todo o litoral português está interdita a apanha de algumas espécies de bivalves devido à presença de biotoxinas nuns casos e noutros por falta de amostras, com o IPMA mais uma vez a não fazer o trabalho de casa.
A poluição marinha tem, nas águas residuais urbanas o seu principal agente, segundo documentos da FAO. As águas residuais urbanas são ricas em nutrientes como o fosforo e o azoto que provocam o crescimento e multiplicação acelerado de fitoplancton. As ETAR, devido à forte presença desses nutrientes, descarregam elevadas quantidades de fitoplancton potencialmente toxigeno, que em determinadas condições ambientais, degeneram em biotoxinas e estão na origem das interdições.
Mas as ETAR integram o sector empresarial do estado e representam uma grande fonte de receita (quando as autarquias pagam) e a maioria delas são obsoletas, como é o caso das ETAR da Ria Formosa. Nos contactos mantidos com as Comissões Parlamentares foi apontada a reutilização das águas residuais urbanas para fins agrícolas como a solução de menor custo e mais amiga do ambiente. Só que isso poderia significar uma redução de receitas, algo que os governos já nos habituaram a colocar em primeiro lugar.
Temos assim, a hipocrisia politica a funcionar ao dizer que vão promover audições que não fazem como a não ser aplicadas soluções que iriam beneficiar as populações, neste caso os produtores de bivalves mas também os agricultores que aderissem a um tal programa.
Mas temos também a traição à classe por parte de indivíduos que em nome dessa classe tomam as decisões mais convenientes para os interesses pessoais ou de pequenos grupos, promovendo o enriquecimento de uns poucos mas induzindo a um futuro negro a restante classe. Gente desta não merece representar quem quer que seja.
E temos ainda um aldrabão em presidente da Câmara que afirma ter resolvido já cerca de oitenta por cento do problema dos esgotos directos, uma perfeita mentira.
Com tudo isto, à medida que o calor aumentar, vai aumentar também, a mortandade dos bivalves, enfraquecidos por razões patológicas associadas à poluição.
REVOLTEM-SE, PORRA!

1 comentário:

Anónimo disse...

Moral da história, o serviço público funciona pessimamente, serviço e a iniciativa privada funciona bem.